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17 de janeiro de 2018

Meus poemas


Rosas amanhecem vermelhas


Iremar Marinho


Lanço este manifesto
Do partido dentro

Manifesto meu partido
Comunista neste pranto

Não há mais o que falar de mim
Nem da carne
Nem dos ossos
Nem do sangue

Não há mais o que esperar aqui
Nem mais rumo
Nem mais rota
Nenhum horizonte

Já nasci diante
Sou menos valia
Já morri bem antes



Martelo abstrato


Iremar Marinho


Trabalhar a poesia
Operar palavras

Martelar a pedra
O aço
Ferir-se com estilhaços

Martelar a poesia
Aparar palavras                                                                                             

Quebrar postigos
Vidraças
Abrir janelas do nada



16 de janeiro de 2018

Aos que vierem depois de nós


Bertolt Brecht


(Fragmento)


Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.


– Bertolt Brecht (Tradução Manuel Bandeira)