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2 de março de 2017

Carl Hamblin

Edgar Lee Masters

A oficina gráfica do Clarion de Spoon River foi destruída
E me besuntaram de alcatrão em mistura com plumas
Por ter publicado, no dia em que enforcaram os
Anarquistas de Chicago, o seguinte:
Vi uma bela mulher com os olhos vendados
Num pedestal, nos degraus de um templo de mármore.
As multidões passavam diante dela
Dirigindo-lhe um olhar de quem implora.
Na mão esquerda ela sustentava uma espada.
Ela brandia a espada
Golpeando ora uma criança, ora um trabalhador,
Ora uma mulher que se esquivava, ora um lunático.
Na mão direita ela sustinha uma balança:
Na balança eram jogadas moedas de ouro
Por aqueles que escapavam ao golpe da espada.
Um homem, com uma toga preta, leu de um manuscrito:
- Ela não respeita as pessoas.
Então um jovem que usava boné vermelho
Pulou para o lado dela e arrebatou-lhe a venda.
Ah, as pestanas haviam sido comidas
Das pálpebras lodosas;
Os olhos estavam cauterizados por um visgo leitoso:
A loucura de uma alma estertorante
Estava gravada em sua face…
Mas a multidão ficou sabendo por que ela usava a venda.”

(Da Antologia da Nova Poesia Norte-Americana, de Jorge Wanderley)