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22 de julho de 2013

Para um amor perdido

Ubirajara Mello de Almeida

Desejava apenas a forma
esculturada nas lembranças
pra saciar a sede da memória
quando um corpo sobre outro corpo
desemboca num lago inebriante
de pragas incestuosas.
A visão do espetáculo
acalmava-me na polução
angustiada dos desejos.
Na solidão do copo de wísque
bebo goles desesperados
na diluição sonora dos gemidos.
Agarro-me a sombra molhada nos lençóis
para acalmar os sentidos
que se devoravam na agonia
da volúpia nas últimas tensões.
Decantei em vão o suor
que escorria pelos transes epiléticos
para a embriaguês das manhãs delicadas
de odores alucinatórios.
Escorregava pelas pernas
perfumadas de prazeres onde jaz
o segredo da eternidade
na busca da comédia humana
enclausurada na perversão.
O que fazer com o sentimento
a envenenar-me na medida do desespero?