Poética
Iremar Marinho
"Impactos de amor não são poesia"
(Carlos Drummond de Andrade)
Rilke aconselha
não escrever
poesias de amor.
Seifert vai escrevê-las até o fim.
Riam de Rilke e de Seifert.
Riam de mim.
(Escrito na década de 1980)
Quadra para os Criadores
Iremar Marinho
Criamos pássaros e a madrugada,
O dia branco e a noite espessa.
Criamos tudo; também o vazio.
Fingimos deuses, somos os poetas.
Este Rio Mundaú não é o mesmo
Iremar Marinho
Este Rio Mundaú não é o mesmo
Rio Ganges que banhou Jorge Luiz
Borges cego pela luz de Buenos Aires.
Neste Rio Mundaú dos afogados,
submerge outro Jorge –
de Lima, que Mira-Celi
deixou cego para abrir
os portais de sua fuga
surreal à insanidade.