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3 de abril de 2010

Meus Poemas

Calvário nas ruas de Maceió

Iremar Marinho

Para que matar o Cristo,
todos os anos, nas ruas
de Maceió, como em Gólgota?
Não bastou a imolação?

Cada esquina, uma estação.
Velhas crentes, moços gaios
acompanham ao Calvário
o Cristo sem Cireneu.

A Rua do Sol é nova
Via Sacra: a turba quer
o Cristo crucificar,
sem dó nem apelação,

no Largo do Livramento
(diante do Bar do Chopp).
Mas o Senhor jaz (é morto!)
entre rubros paramentos.


Mourão

Iremar Marinho

Cavalgo potros etéreos,
vaquejando bois postiços,
na fazenda ilusória.

Abro porteiras, mas há
sempre mais terras cercadas
no grande cercado-mundo.

Pastam bois de Vitalino,
passam bois, passa boiada,
passa o cavalo do tempo.

Bate o baque da porteira,
passa o vaqueiro das horas,
passa o destino dos homens.

Minha cidade bovina,
na vaquejada ilusória,
rumina o pasto do gado.

O berro do gado-homem,
no curral do matadouro,
é meu destino cercado.